Deixei
Na Primavera o cheiro a cravo
Rosa e quimera que me encravam na memória que inventei
E andei
Como quem espera
Pelo fracasso
Contra mazela em corpo de aço
Nas ruelas do desdém
E a mim que importa
Se é bem ou mal
Se me falha a cor da chama a vida toda
É-me igual
Vi sem volta
Queira eu ou não
Que me calhe a vida
Insane e vossa em boda
Até ao verão
Deixei na primavera o som do encanto
Riça promessa e sono santo
Já não sei o que é dormir bem
E andei pelas favelas
Do que eu faço
Ora tropeço em erros crassos
Ora esqueço onde errei
E a mim que importa
Se é bem ou mal
Se me falha a cor da chama a vida toda
É-me igual
Vi sem volta
Queira eu ou não
Que me calhe a vida
Insane e vossa em boda
Até ao verão
E a mim que importa
Se é bem ou mal
Se me falha a cor da chama a vida toda
É-me igual
Vi sem volta
Queira eu ou não
Que me calhe a vida
Insane e vossa em boda
Até ao verão
Deixei na primavera o som do encanto
Sabiá, Coração de Uma Viola - Aylton Escobar Texto: Orlando de Brito Coro da OSESP Directora: Naomi Munakata
Ah! coração, Ah! sabiá, minha viola.
Ah! aqui Xui, pixô não vi.
Ah! colher de chá, Marajá
Tudo é meu.
Cantando nas tardes plenas,
somos irmãos, sabiá:
o tempo levate as penas,
o tempo penas me dá.
Tudo que chorei e rí
tudo é meu.
Coração tem dó de mim,
ah! coração tem piedade,
ah! coração tem dó de mim,
coração batendo astendo tão forte assim,
coração vais acordar Saudade,
que dorme dentro de min.
Amor que me faz penar,
amor que me desconsola
morre enforçado ao luar
nas cordas de uma viola.
¡Ah! corazón, ¡ah! sabiá*, mi guitarra.
¡Ah! Aquí pajarito, plátano no he visto.
¡Ah! Regalías, marajá.
Todo es mío.
Cantando en las tardes plenas
somos hermanos, sabiá;
el tiempo te lleva las plumas,
el tiempo penas** me da.
Todo lo que he llorado y reído,
todo es mío.
Corazón apénate de mí,
¡ah!, corazón ten piedad,
¡ah!, corazón apénate de mí,
corazón, latiendo así tan fuerte,
corazón va a despertar a la añoranza
que duerme dentro de mí.
Amor que me hace sufrir,
amor que me desconsuela
muere ahorcado a la luz de la luna
en las cuerdas de una guitarra.
Traducción: Lilian Moriani
* Nota de la traductora: Sabiá es un pájaro.
** N de la t.: En portugués pena tiene el mismo significado que en castellano pero pena significa también plumas de ave.
Meu coração
Não sei porque
Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mim
Ah! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim
Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz
Mi corazón
No sé por qué
Late feliz cuando te ve
Y mis ojos sonríen
Y por las calles te sigo
Pero aún así, huyes de mí
¡Ah! Si tú supieras
Cuán cariñoso soy
Y lo mucho y mucho que te quiero
Y cuán sincero es mi amor
Sé que entonces no huirías de mí
Ven, ven, ven
Ven a sentir el calor
De mis labios
En busca de los tuyos
Ven a matar esta pasión
Que me devora el corazón
Para que así
Sea feliz, tan feliz
Cheia de penas Cheia de penas me deito E com mais penas Com mais penas me levanto No meu peito Já me ficou no meu peito Este jeito O jeito de querer tanto
Desespero Tenho por meu desespero Dentro de mim Dentro de mim o castigo Eu não te quero Eu digo que não te quero E de noite De noite sonho contigo
Se considero Que um dia hei-de morrer No desespero Que tenho de te não ver Estendo o meu xaile Estendo o meu xaile no chão estando o meu xaile E deixo-me adormecer
Se eu soubesse Se eu soubesse que morrendo Tu me havias Tu me havias de chorar Por uma lágrima Por uma lágrima tua Que alegria Me deixaria matar
A chuva caiu Caiu lá na serra Lavou o meu rosto Molhou toda a terra A chuva caiu Dentro de mim também Lavou meus pecados Me fez querer bem.
Inverno que vem Inverno que vai Só sei que o amor Do meu peito não sai O amor que eu lhe dei Você desprezou Fugiu, foi embora Só tristeza deixou.
La lluvia cayó, cayó allá en la sierra. Lavó mi rostro, mojó toda la tierra. La lluvia cayó dentro de mí también, lavó mis pecados, me hizo querer bien.
Invierno que viene, invierno que va. Sé sólo que el amor de mi pecho no se va. El amor que te he dado lo has despreciado, ha huído, se ha ido, sólo queda la tristeza.
No escojas sólo una parte, tómame como me doy, entera y tal como soy, no vayas a equivocarte.
Soy sinceramente tuya, pero no quiero, mi amor, ir por tu vida de visita, vestida para la ocasión. Preferiría con el tiempo reconocerme sin rubor.
Cuéntale a tu corazón que existe siempre una razón escondida en cada gesto. Del derecho y del revés uno sólo es lo que es y anda siempre con lo puesto.
Nunca es triste la verdad, lo que no tiene es remedio.
Y no es prudente ir camuflado eternamente por ahí ni por estar junto a ti ni para ir a ningún lado.
No me pidas que no piense en voz alta por mi bien, ni que me suba a un taburete si quieres, probaré a crecer. Es insufrible ver que lloras y yo no tengo nada que hacer.
Cuéntale a tu corazón que existe siempre una razón escondida en cada gesto. Del derecho y del revés, uno sólo es lo que es y anda siempre con lo puesto.
Nunca es triste la verdad lo que no tiene es remedio.
No teu poema
Existe um verso em branco e sem medida,
um corpo que respira, um céu aberto,
janela debruçada para a vida.
No teu poema
existe a dor calada lá no fundo,
o passo da coragem em casa escura
e aberta uma varanda para o mundo.
Existe a noite,
o riso e a voz refeita à luz do dia,
a festa da Senhora da Agonia e o cansaço
do corpo que adormece em cama fria.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva, a luta, de quem cai ou que resiste
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe o grito e o eco da metralha,
a dor que sei de cor mas não recito
e os sonos inquietos de quem falha.
No teu poema
existe um cantochão alentejano,
a rua e o pregão de uma varina
e um barco assoprado a todo o pano.
Existe a noite
o canto em vozes juntas, em vozes certas
canção de uma só letra e um só destino a embarcar
no cais da nova nau das descobertas.
Existe um rio
a sina de quem nasce fraco ou forte,
o risco, a raiva e a luta de quem cai ou que resiste
que vence ou adormece antes da morte.
No teu poema
existe a esperança acesa atrás do muro,
existe tudo o mais que ainda me escapa
e um verso em branco à espera do futuro.
No teu Poema, José Luís Tinoco
En tu poema
existe un verso en blanco y sin medida,
un cuerpo que respira, un cielo abierto,
ventana inclinada hacia la vida.
En tu poema hay un dolor silencioso allá en el fondo,
el paso del coraje en casa oscura
y, abierta, una terraza al mundo,
existe la noche,
la risa y la voz repetida a la luz del día,
la fiesta de la Señora de la Agonía
y el cansancio
del cuerpo que se adormece en cama fría.
Existe un río
Y el sino de quien nace débil o fuerte,
el riesgo, la ira y la lucha de quien cae
o que resiste
que vence o adormece antes de la muerte.
En tu poema
existe un grito y un eco de metralla
un dolor que sé de memoria y que no recito
y los sueños inquietos de quien falla.
En tu poema
existe un cantochao alejentano,
la calle y el pregón de una varina,
y un barco empujado a toda vela.
Existe la noche
un canto en voces juntas, en voces ciertas
canción de una sola tetra y solo destino a embarcar
en el muelle de la nueva nave de los descubrimientos.
Existe un río
y el sino de quien nace débil o fuerte
el riesgo, la ira y la lucha de quien cae
o quien resiste,
que vence o adormece antes de la muerte.
En tu poema
existe la esperanza encendida detrás del muro,
existe todo o más que aún se me escapa
y un verso en blanco a la espera del futuro.