miércoles, 28 de julio de 2010

Não eram as horas que nós perdemos

Não eram as horas que nós perdemos,
Nem o comboio que não chegou.
Foi só o barco e o gesto dos remos
E a triste vida que já passou.

Tudo nos dava a impressão de havermos
Entre travessas errados a rua,
E não acharmos o amor, nem termos
Para a tristeza senão a Lua...

Tudo isto foi como se não fosse...
Antes tivesse durado menos...
Emfim, que importa? Não ha a posse...
E os ceus eternos só são serenos...


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No fueron las horas que perdimos,
ni el tren que no llegó.
Fue tan sólo el barco y el gesto de los remos
y la triste vida que ya pasó.

Todo nos daba la impresión de que hubiéramos
entre transversales errado la vía,
y que no encontráramos el amor, ni tuviéramos
para la tristeza más que la luna...

Todo esto fue como si no fuese...
Que siquiera hubiera durado menos...
En fin, ¿qué importa? No existe posesión...
Y los cielos eternos sólo son serenos...

Fernando Pessoa

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