viernes, 19 de julio de 2013

Até ao Verão



Deixei
Na Primavera o cheiro a cravo
Rosa e quimera que me encravam na memória que inventei

E andei
Como quem espera
Pelo fracasso
Contra mazela em corpo de aço
Nas ruelas do desdém

E a mim que importa
Se é bem ou mal
Se me falha a cor da chama a vida toda
É-me igual

Vi sem volta
Queira eu ou não
Que me calhe a vida
Insane e vossa em boda
Até ao verão

Deixei na primavera o som do encanto
Riça promessa e sono santo
Já não sei o que é dormir bem

E andei pelas favelas
Do que eu faço
Ora tropeço em erros crassos
Ora esqueço onde errei

E a mim que importa
Se é bem ou mal
Se me falha a cor da chama a vida toda
É-me igual

Vi sem volta
Queira eu ou não
Que me calhe a vida
Insane e vossa em boda
Até ao verão

E a mim que importa
Se é bem ou mal
Se me falha a cor da chama a vida toda
É-me igual
Vi sem volta
Queira eu ou não
Que me calhe a vida
Insane e vossa em boda
Até ao verão
Deixei na primavera o som do encanto

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Ana Moura
Guitarra Portuguesa: Ângelo Freire
Viola de Fado: Pedro Soares
Contrabaixo: André Moreira
Teclados: João Gomes
Bateria: Mário Costa

domingo, 7 de julio de 2013

Soneto XXIII



En tanto que de rosa y azucena
se muestra la color en vuestro gesto,
y que vuestro mirar ardiente, honesto,
enciende al corazón y lo refrena;

y en tanto que el cabello, que en la vena
del oro se escogió, con vuelo presto,
por el hermoso cuello blanco, enhiesto,
el viento mueve, esparce y desordena:

coged de vuestra alegre primavera
el dulce fruto, antes que el tiempo airado
cubra de nieve la hermosa cumbre;

marchitará la rosa el viento helado.
Todo lo mudará la edad ligera
por no hacer mudanza en su costumbre.
 



Garcilaso de la Vega